Meus trabalhos e experiências no curso de História da Arte na UFRGS

domingo, 5 de maio de 2013

Comentários sobre capítulo do livro Histórias de Heródoto de Halicarnasso

Ao apresentar em sua História o embate entre Creso e Ciro, Heródoto explora um tema caro ao pensamento grego, o da mudança de fortuna. Que mudança de fortuna é vivida por Creso? Para Heródoto, a que ela se deve? 

Creso é o rei da Ligía, um império tão poderoso que subjugou diversos outros, fazendo de sua capital Sardes, uma cidade florescente e rica. Creso se considerava não apenas poderoso, mas também o homem mais feliz do mundo (embora Sólon tenha desmentido). Sua sorte começa a mudar com a morte de seu filho Atis, que havia sido premeditada em sonho, por causa de uma lança lançada por Adrasto, um estrangeiro acolhido por Creso. Devido ao crescimento e ameaça do império Persa, Creso procurou por oráculos de toda a Grécia para tentar se precaver (inclusive testando-os para saber se eram realmente bons oráculos). Entretanto, Creso não soube interpretar o que ouviu, levando-o a desgraça. Isso ocorreu quando dois oráculos predisseram, um e outro, ao soberano a guerra contra os Persas e a consequente destruição de um grande império. Creso se agarrou a essa esperança de que seria ele o rei do império vencedor, e não se certificou de perguntar qual seria esse império que seria destruido, ele simplesmente ficou feliz: "Creso experimentou imensa alegria e, alimentando a esperança de arrasar o império de Ciro, enviou novos emissários a Delfos com a finalidade de presentear cada um de seus habitantes …".


 A segunda previsão que Creso interpretou mal foi quando perguntou se seu reinado seria longo e recebeu a seguinte resposta: "Quando um asno for rei dos Medos, então foge, lídio efeminado, para as margens do Termo pedregoso: não penses em resistir nem te envergonhes da covardia". Essa resposta fez Creso acreditar que seu reinado seria longuíssimo pois em sua opinião jamais se veria no trono dos Medos um asno. Entretanto, no fim da história ficamos sabendo que "Ciro era esse asno, por pertencerem os autores de seus dias a duas nações diferentes, sendo o pai de origem menos ilustre que sua mãe; esta natural da Média e filha de Astiages; o outro, persa e súdito a Média. Embora inferior em tudo, havia desposado a soberana". Essa interpretações desafortunadas levaram Creso a guerra e consequentemente a derrota. Creso foi de rei a condenado a morte na fogueira. No fim, quando está preso a fogueira, Creso tem ainda mais uma virada de fortuna, dessa vez positiva, quando Apolo faz chover, o que apaga a fogueira e permite que Creso vire conselheiro de Ciro (para Ciro, foi a prova que Creso era querido pelos Deuses). Para Heródoto, essas mudanças de fortuna ocorreram por causa do excesso de confiança de Creso, que não interrogou mais a fundo os Oráculos, preferindo acreditar no poder de seu império, e também a essas interpretações mal feitas. Portanto, nas palavras de Heródoto: "Não tendo nem aprendido o sentido do oráculo nem interrogado de novo o deus, não deve queixar-se senão de si mesmo".

Nenhum comentário:

Postar um comentário